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No mundo dos negócios cada dia mais complexo e exigente, para as empresas é indispensável
apresentarem diferenciais que mantenham sua sustentabilidade. A gestão das organizações se
alicerça em determinadas lógicas de pensamento, contudo alguma será predominante. Ela não
é uma simples classificação ou perspectiva, ma sim, constitui as formas de falar, de se
expressar e de agir em relação à organização, às pessoas e à gestão. Essa lógica influencia na
ocorrência das mudanças e inovações, bem como na aprendizagem e na busca de novas
competências organizacionais. Nesse contexto encontram-se também as empresas familiares
que hoje compõem uma parte significativa do universo empresarial. A presente dissertação
trata das questões relacionadas ao gênero e às práticas de gestão em uma empresa familiar, na
qual se buscou identificar e analisar as características da empresa familiar, bem como as
práticas de gestão adotadas, verificando a lógica de gerenciamento preponderante. A
investigação ocorreu em uma empresa do ramo moveleiro do município de Santa Rosa,
Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Esta pesquisa caracteriza-se como um
estudo de caso qualitativo, na qual foram explorados referenciais bibliográficos e documentais
acerca do tema e para a coleta de dados empíricos foram utilizadas entrevistas semiestruturadas
e o método da observação. Os sujeitos da pesquisa compreendem a gestora e
cinco colaboradores que estão na empresa há mais de três anos, por terem convivido com o
gestor da geração anterior e passaram pela transição do processo sucessório e que hoje estão
sob o comando de uma mulher. Os resultados obtidos revelam que o processo sucessório
apesar de longo e conflitivo, desencadeou várias mudanças de paradigmas na empresa, como
a mudança na cultura e na aquisição de novas competências individuais e organizacionais. A
empresa passa a ser vista como um sistema aberto que considera todos seus “stakeholders”
como fundamentais para o seu sucesso. A aprendizagem mediante a inovação, melhoria
contínua e replanejamento são práticas que fazem parte da nova gestão a partir da
implementação do programa de Qualidade 8’S que se configurou no marco inicial do
processo. Destaca-se a questão do gênero feminino nas práticas de gestão, pois as mudanças
da empresa ocorrem quando a herdeira assume o comando, na qual novas práticas de gestão
se desenvolvem e estão permeadas por uma visão empreendedora e flexível bem como
sustentada por inovações e aprendizagens. A lógica de gerenciamento ainda predominante, a
sistêmico-controladora é evidenciada pela forma como os colaboradores são reconhecidos e
na utilização de ferramentas de gestão como controles, indicadores e a burocratização dos
processos, remetendo a uma visão de ser humano reativa. A lógica processual-relacional,
contudo, também é percebida na dinâmica gerencial, na medida em que há manifestações de
abertura ao diálogo, preocupação com o bem-estar e autodesenvolvimento dos colaboradores,
vislumbrando uma concepção de ser humano parentética. |
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