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O presente trabalho tem o propósito de discutir sobre a dinâmica psíquica feminina e
sua relação com a violência conjugal. Para isso, com base em pesquisa
bibliográfica, partimos do pressuposto de que a menina necessita enfrentar um duplo
entrave para aceder à posição feminina: ela precisa abdicar de uma zona genital
erógena primária, que é o clitóris, e passar para a excitabilidade vaginal, que se
apresenta como contingente do pênis, e, posteriormente, o desejo de possuir um
pênis é trocado pela vontade de ter um filho. Além disso, é demandado à menina
que abandone a mãe como objeto amado e comece a desejar o pai. Como a mãe é
objeto de desejo do pai, ela passa a ser o seu referencial identificatório. Contudo, a
menina acaba deslocando o desejo que sentia pelo pai para outros homens na vida
adulta. Assim, a escolha do objeto de amor, posteriormente na puberdade, está
relacionada com a história do sujeito, alicerçada nas identificações do complexo
edípico que permite a sua resolução. Outro aspecto a ser discutido, para dar conta
do objetivo da pesquisa, é a respeito da diferença de gênero, que tem início no meio
familiar, em consequência das atitudes dos pais durante a criação dos filhos, assim
sendo, é no cotidiano que a criança começa a internalizar o homem e a mulher do
futuro. Entretanto, os atributos e os papéis de gênero valorizam o homem em
detrimento da mulher, legitimando a dominação deste sobre esta. A carga cultural
desempenhada pela criação, vinculada ao modelo familiar, tem grande influência na
questão da violência contra a mulher. O que foi aprendido no meio familiar encontra
um novo cenário para se manifestar, no momento que se constitui uma relação
amorosa, por meio da compulsão à repetição. Portanto, é possível que a mulher
mantenha um relacionamento tumultuado, sofrendo violência, pelos mais diversos
motivos, que podem ser de ordem subjetiva, emocional, familiar. |
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