Abstract:
Este trabalho tem como objetivo delinear os desdobramentos psíquicos
que viabilizam o deslumbramento do sujeito neurótico frente aos atos de
selvageria transmitidos pelas mídias de comunicação em massa. Para tanto,
fez-se um percurso histórico a fim de apontar que este tipo de prática se
estende desde a antiguidade até os dias atuais, constituindo um costume
demasiadamente humano, pois tem suas origens atreladas aos movimentos
pulsionais inerentes a todo e qualquer sujeito. Para responder a questão
central deste trabalho utilizou-se como metodologia o estudo bibliográfico,
elegendo como pontos nodais a serem articulados: a tendência da mídia na
utilização do sensacionalismo e dos Fait Divers e as vicissitudes que a pulsão
realiza para atingir sua finalidade. As mídias, rapidamente, compreenderam
que a audiência (meio pelo qual advém a lucratividade) é prontamente
alcançada quando são colocadas no ar notícias que provocam comoção,
indignação ou mesmo horror. Com um aparelhamento que prioriza os Fait
Divers e o sensacionalismo, as mídias oferecem, dentre outros, um objeto
pelo qual a pulsão escópica atingirá sua satisfação: o horror. A partir do
material pesquisado é possível inferir que o olho constitui uma zona erógena,
de cuja fonte emanam pulsões que necessitam de um escoamento. Em
síntese, há expectadores porque as imagens provocam gozo naquele que
assiste, promove prazer (no inconsciente) mesmo que promova desprazer (no
consciente) e este paradoxo prazer/desprazer é uma das imagens do gozo.