Abstract:
O uso de substâncias é considerado fruto da contemporaneidade, bem como as toxicomanias, de fato, não se pode dizer que estas, não sejam provenientes desse tempo, no entanto, o uso está caracterizado por se tratar de uma prática milenar. Nesse sentido, este trabalho visa possibilitar articulações para compreender as toxicomanias como resultantes do discurso vigente, sendo este, o capitalista. As marcas produzidas por esse molde discursivo na contemporaneidade estão para além do ato de consumir em si, mas na formação do laço social que possibilitam as relações entre sujeitos, as quais nesse discurso se apresentam comprometidas, devido ao discurso capitalista não fazer laço social reduzindo-se a uma relação direta do sujeito com o objeto real de consumo, desse modo, o sujeito está sintetizado ao objeto. Entende-se que as toxicomanias podem estar de acordo com a lógica capitalista de consumo, apresentando-se como produto desse discurso, no entanto, também enquanto sintoma social, o que possibilita o sujeito realizar costuras que mantém o laço social por meio do sintoma. Desse modo, faz-se necessário a leitura dos efeitos deste, inclusive nos dispositivos de tratamento utilizados para que desta maneira possa-se realizar uma reflexão acerca dos estigmas carregados pelos sujeitos toxicômanos. Todavia, para abrir horizontes que possibilitem a compreensão do tema demanda-se a desconstrução de dispositivos impostos pelo discurso, que tem por característica uma moralização do assunto, o que, pode criar impossibilidades no sentido de entender a real demanda do sujeito e da sociedade no que se refere às toxicomanias.