Navegando por Autor "Deves, Vitor Mathias"
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Item Sucessão familiar : um estudo do processo de sucessão familiar na agricultura do município de Cândido Godói(2024-04-23) Deves, Vitor MathiasIntrodução Os constantes deslocamentos da população entre a área rural e urbana é conhecido como êxodo rural e urbano, onde cada indivíduo busca na sua percepção o melhor caminho para seguir na sua vida e sua profissão. Com o êxodo rural, a densidade populacional na área rural ficou afetada e cada vez mais extinta. O jovem busca o estudo fora da área rural e também perde seu vínculo com a propriedade, e por vezes não retornando e deixa de seguir a atividade realizada por seus pais. O incentivo dado pelos pais, tem grande influência sobre o sucessor e também a forma como o preparam para a sucessão. Segundo Souza e Heylmann (2016, p.01) Uma das maiores preocupações hoje presentes no agronegócio recai sobre o planejamento sucessório, que, quando bem estruturado, traz diversos benefícios para a família. Ressalta-se que a elaboração de um planejamento sucessório é de extrema importância, pois em que pese o momento da sucessão oferecer riscos e desafios, o planejamento antecipado faz com que ocorra a transmissão do patrimônio de forma consciente, segura e tranquila. A importância de ter esse planejamento é essencial para a continuidade e sobrevivência das propriedades rurais, por isso a necessidade de se buscar medidas preventivas para que nas propriedades haja êxito nesta etapa, passada para a nova geração com sucesso. Aos sucessores se exige a cada dia mais qualificação, projetos que mantenham suas perspectivas de crescimento, para se obter uma viabilidade da atividade exercida, sua sustentabilidade. Além de que as políticas públicas sejam reestruturadas para a ajudar os milhares de jovens que buscam atuar na atividade agrícola. A partir disso, o estudo teve como recorte o Noroeste do estado do Rio Grande do Sul, município de Cândido Godói, onde a uma grande concentração de pessoas vivendo dos setores voltados a agricultura. O objetivo geral foi identificar as perspectivas e desafios da sucessão familiar nas empresas familiares e propriedades rurais do município de Cândido Godói – RS; os específicos: a) Analisar os desafios enfrentados para o processo sucessório; Identificar as expectativas dos produtores rurais, em relação ao segmento, e desafios a serem enfrentados pelos seus sucessores; c) Buscar as vantagens e desvantagens do empreendedor rural; d) Identificar a motivação que é exercida dentro da família para continuação dos filhos no meio rural; e) Propor sugestões para a permanência do jovem no campo, no município de Cândido Godói – RS; Metodologia A partir dos critérios propostos por ZAMBERLAN et al. (2016) apresentam uma classificação baseada nas principais características que as pesquisas presentam em relação: à natureza, aos níveis ou objetivos, segundo os procedimentos técnicos, meios e estratégias de pesquisa. Quanto a sua natureza ela é considerada como pesquisa aplicada. Para GIL (2010, p. 26) ” a pesquisa aplicada, abrange, estudos elaborados com finalidade de resolver problemas identificados no âmbito das sociedades em que os pesquisadores vivem”. Referente a sua abordagem ela é de forma quantitativa e qualitativa. Em seus objetivos a pesquisa foi considerada de forma descritiva e exploratória. Quanto a seus procedimentos teóricos usados para auxiliar foram classificados como pesquisa bibliográfica, documental, de campo, participante e estudo de caso. Bibliográfica pois ela “abrange todo o referencial teórico já tornado público em relação ao tema de estudo, como publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, ” TEIXEIRA et al.; (2009, p. 118). Visando um maior aprofundamento ao estudo, se optou pela pesquisa de campo e estudo de caso no município de Cândido Godói/RS. Os sujeitos da pesquisa foram agricultores residentes no município que atuavam no setor de grãos, leiteiro e suínos, onde se visava já uma sucessão e com os sucessores dessas 9 (nove) propriedades rurais, onde se realizou entrevistas aos fundadores e um grupo de foco com os sucessores. Com os dados se usou a análise de conteúdo e dispostos também através de tabelas e gráficos. Resultados e Discussão Nas entrevistas em profundidade realizadas com os fundadores, sempre os participantes foram do gênero masculino e em alguns casos a esposa estava presente. Isso mostra que o cargo superior e o maior conhecimento sempre se mantiveram no papel do homem na condução e decisões da propriedade. Porém, nas entrevistas que estavam a família toda, as respostas eram conjugadas em família. Foram entrevistadas nove famílias, residentes nas localidades de Linha Paranaguá e Linha Natal, em Cândido Godói-RS. Em relação a idade dos fundadores 11% possuíam de 31 a 40 anos, 78% dos entrevistados tinha de 41 a 59 anos e 11% com mais de 60 anos. Já em relação a idade dos sucessores 32% tinham de 12 a 18 anos, 53% de 18 a 25 anos e 15% com 26 a 35 anos. Referente ao grau de escolaridade, percebeu-se um grande incentivo dos pais para os filhos buscarem a formação superior. Quanto aos fundadores, a escolaridade foi variada, 1 com o ensino fundamental incompleto, 5 com o ensino fundamental completo e 3 com ensino médio completo. Já os sucessores, todos tem o ensino fundamental completo onde são 10 sucessores, 7 deles já tem o ensino médio já completo, desses 5 com o ensino superior incompleto e 2 com o ensino superior completo. Referente ao local onde residem os sucessores, 70% ainda reside junto com os pais na mesma propriedade, 10% mora em outra cidade para estudar e outros 20% já tem família constituída, onde trabalham em parceria com seus pais, mas com casa própria. Quanto ao número de filhos que possui cada família entrevistada, 33% só tinha um filho, 22% com 2 filhos e 45% com 3 filhos. Na pesquisa se buscou saber se os fundadores começariam novamente na agricultura se tivessem a mesma escolha, 11% respondeu que buscaria outro ramo de atuação, 67% respondeu que sim e 22% responderam que sim mas buscariam uma maior qualificação na área agrícola. Em relação ao incentivo dos pais, 11% não incentiva seus filhos a continuar na agricultura e outros 89% incentivam seus filhos, mostrando a riqueza que há na agricultura, sua importância, e incentivando o mesmo a seguir o seu exemplo. No estudo, pode-se observar as vantagens no meio rural, onde se é dono do próprio negócio, a importância de produzir alimentos, safras boas, além de você fazer o seu próprio horário. Há sim as desvantagens, onde cita-se as intemperes, o mercado de vendas de grãos e compra de insumos, entre outros, mas deve prevalecer principalmente o fator do sujeito gostar do trabalho. Conclusão Através do estudo, constatou-se que a cada ano está havendo um maior êxodo de jovens do meio rural para o meio urbano. A partir das entrevistas ficou claro que os fundadores veem como essencial a sucessão por parte dos jovens, pela importância de produzir alimentos. Em 2015 o Brasil produziu 207 milhões de toneladas de grãos para uma população de 206 milhões de habitantes. Ou seja, pouco mais de uma tonelada de grãos por habitante. Só a produção de grãos do Brasil é suficiente para alimentar quatro vezes sua população, ou mais de 850 milhões de pessoas. Além de grãos, o Brasil produz por ano cerca de 35 milhões de toneladas de tubérculos e raízes (mandioca, batata, inhame, batata doce, cará, etc.). Comida básica para mais de 100 milhões de pessoas (MIRANDA. 2016). Nota-se que há um planejamento por parte dos pais em relação a sucessão onde eles já previamente, vão trabalhando a mesma, em alguns casos pela propriedade ser de pequeno porte, deixam a escolha para a sucessão a mais filhos, mas sempre buscando que ao menos um siga a profissão e usufrua da estrutura já pronta. Propõe-se aos fundadores que sempre motivem aos sucessores de várias formas, e busquem ao máximo despertar dentro deles a paixão pelo cultivo da terra, no estudo cita –se algumas ações internas nas propriedades em relação a sucessão e outras externas. As internas são: dialogar com os sucessores; passar sempre experiências ou aprendizados que ajudem a evitar erros; manter sempre bem explicado como organizar a viabilidade econômica e financeira de cada safra; dar responsabilidades ao sucessor e autonomia financeira para aprender como investir e como há retorno. De forma externa tem –se a necessidade de uma reestruturação das políticas públicas referentes a agricultura familiar, como mais facilidade e agilidade para criação de agroindústrias, incentivo a novas atividades além das tradicionais, oportunizar mais capacitações, dia de campo e cursos para incentivar a manutenção do setor; ter um preço de venda justo pelo produto de cada atividade e no preço dos insumos que são ofertados. Assim pôr fim, enfatiza-se a importância de cada família a sempre incentivar seus filhos a buscarem seus sonhos ou alcançar os objetivos que fundador não alcançou. Que a sucessão no meio rural não seja mais um problema, mas sim a solução para muitos jovens. Palavras-chave: Sucessão familiar no meio rural. Êxodo rural. Cândido Godói.