Riscos biopsicossociais de adoecimento dos profissionais da enfermagem no trabalho
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2025-04-22
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Resumo
Introdução: a forma singular com que cada sujeito se relaciona com o trabalho
envolve aspectos de sua subjetividade e atribuição de significados diferentes.
Embora o trabalho se caracterize pela realização de atividade física e mental, há
muitos aspectos que permeiam a relação dos sujeitos com seu fazer laboral.
Enquanto algumas condições ou exigências do meio são desafiadoras e prejudiciais
para alguns sujeitos, para outros podem não apresentar características negativas ou,
ainda, proporcionar bem-estar e satisfação. No entanto, algumas características
como o estresse e a pressão no trabalho podem contribuir para o desenvolvimento
de doenças somáticas ou psíquicas. O trabalho de profissionais da enfermagem em
um hospital geral de grande porte e alta complexidade possui características
específicas em virtude de sua caracterização dos serviços, do número de leitos e
dos atendimentos realizados. O ritmo intenso de trabalho, o enfrentamento de
situações emocionais potencialmente desgastantes, a complexidade hierárquica, o
quantitativo de pessoal, o ambiente insalubre, entre outros fatores, precisam ser
considerados neste contexto. Objetivo geral: avaliar fatores de risco de
adoecimento dos profissionais da enfermagem que atuam em um hospital geral, a
partir de fatores físicos, psicológicos e sociais. Objetivos Específicos: descrever o
perfil sociodemográfico e laboral dos profissionais da enfermagem; caracterizar o
contexto do trabalho quanto à atividade, turno e estrutura organizacional; avaliar a
existência de danos físicos, psíquicos e sociais decorrentes do trabalho; e associar
indicadores de risco de adoecimento com variáveis demográficas e laborais.
Método: estudo transversal, quantitativo, analítico, realizado em uma instituição
hospitalar geral de grande porte, no período de outubro de 2023 a fevereiro de 2024.
Para obtenção dos dados foram utilizados um questionário sociodemográfico laboral,
elaborado pelas pesquisadoras, e o Inventário de Trabalho e Riscos de Adoecimento
(ITRA), contendo quatro escalas independentes, as quais totalizam 124 afirmações
sobre fatores de risco ao trabalhador. Foi realizado cálculo amostral dos
participantes e foram entrevistados 46 enfermeiros e 194 técnicos em enfermagem.
Realizada estatística descritiva e inferencial. Resultados: participaram 240
profissionais de saúde. Destes, a maioria do sexo feminino, sendo 88,3% (n=212),
com idade média de 37,7±9,1 (20 - 65) anos, brancos 77,1% (n=185), residentes em
Ijuí 90,4% (n=217), de escolaridade técnica 73,3% (n=176). A amostra também
indicou hábitos, em sua maioria de não fumantes 95,4% (n=229), com hábito etílico
semanal em 60,8% (n=146), sem deficiência ou restrição 95% (n=228), sem
obesidade 69,2% (n=166), que não fazem uso de medicamentos contínuos 61,7%
(n=148), nem psicotrópica 90% (n=216), e que não praticam atividade física semanal
57,5% (n=138). Evidenciou-se, ainda, que o tempo médio de trabalho no hospital é
de 9,2±6,6 (1 - 35) anos, atuam nas unidades clínicas de internação 37,1% (n=89),
possuem apenas um emprego 72,9% (n=175), trabalham no turno da noite 34,6%
(n=83), possuem dois filhos 33,3% (n=80), possuem companheiro 76,7% (n=184),
em que este contribui com a renda familiar 72,1% (n=173), evidenciando que uma
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pessoa depende de sua renda financeira 33,8% (n=81) e nenhum dependente
inspira cuidados especiais 88,3% (n=212), possuindo rede de apoio socioafetiva
para 75% (n=180). Quanto aos riscos de adoecimento, em relação ao custo humano
no trabalho, destacam-se a idade até 40 anos (68,8%) e o uso de medicamentos
contínuos (38,3%). Os fatores de sofrimento no trabalho são apresentados
principalmente pelos profissionais que residem na mesma cidade em que trabalham
(90,4%) e há maior tendência em apresentar-se nos técnicos em enfermagem
(80,8%). Os riscos quanto ao contexto de trabalho são apresentados principalmente
por trabalhadores que possuem filhos (70,4%) e que têm hábitos etílicos semanais
(7,9%). E ainda, os danos relacionados ao trabalho são prevalentes para os
respondentes que fazem uso de medicação contínua (38,3%) e declaram possuir
doenças psicológicas (7,9%). Conclusão: variáveis sociodemográficas e laborais
influenciam nos riscos de adoecimento do trabalhador em relação ao contexto do
trabalho, custo humano despendido, fatores de prazer e sofrimento no trabalho e
danos relacionados ao trabalho. Mesmo as variáveis com menor incidência sobre os
riscos de adoecimento do trabalho necessitam atenção e medidas de contingência,
considerando que os sujeitos são únicos e percebem as exigências externas do
trabalho de forma singular. Portanto, ações que visam melhorar a qualidade de vida
dos trabalhadores devem ser promovidas e implementadas pelas instituições de
saúde.
Descrição
76 f.
Palavras-chave
Saúde do trabalho da enfermagem, Risco de adoecimento, Fatores biopsicossociais, Inventário de trabalho e riscos de adoecimento