Educação no horizonte da solidariedade: a doação de órgãos e compromisso com o outro

Abstract

Educação, solidariedade e amor, enquanto elementos da condição humana, confrontam com a sociedade consumista e individualista; esses são temas pensados nessa dissertação. Tematizamos a problemática social e a ética da doação de órgãos na perspectiva das relações educativas constituintes do desenvolvimento do gesto solidário, recíproco e humano, ainda externaliza fragmentos de experiência de vida. As referências teóricas para pensar: Educação no horizonte da solidariedade: a doação de órgãos e compromisso com o outro, se aproximam de Bauman, Freire, Morin e Maturana. A fragilidade dos laços humanos, as sociedades individualizadas e a ausência da solidariedade se evidenciam pela cultura do prazer exagerado, atual contexto da modernidade líquida, volátil e egoísta. A ambição pelo consumo provoca a mercantilização dos relacionamentos, fragiliza valores como a responsabilidade, o compromisso, o altruísmo e a reciprocidade, além do amor próprio e da consciência de si, comprometendo sólidas atitudes nos gestos concretos da doação de órgão. Tratar da educação como formadora e sensibilizadora da condição humana para dirigir-se ao outro como prolongamento da vida, apresenta-se como objetivo da presente dissertação. O gesto humano da solidariedade aparece forte na afirmação freireana da centralidade que a educação assume na mudança do mundo, não sozinha, mas como atitude da condição humana. A construção de uma cultura solidária com gestualidade doadora parece ser voz de resistência ante as apelações e imposições do imaginário instituinte da propriedade privada que reserva o corpo e seus órgãos ao pó, ao invés do prolongamento da existência como partilha a outro indivíduo. Desse modo, a solidariedade como prática curricular educativa, através dos conteúdos discutidos no currículo escolar, compõe os saberes e valores, os aprendizados de cooperação na construção da cidadania e da valorização da vida na pessoa do outro. Nesta perspectiva, as aprendizagens e as vivências parecem ser possibilidades de atitudes solidárias, de ética e compromisso com o outro e, também, na instituição de amorosidade, doação de órgãos e prolongamento e da qualidade de vida. A solidariedade cria possibilidades de articulações dos saberes e, a partir do fazer pedagógico, tem condições de aprofundar o estudo teórico da experiência qualificadora e prática influenciadora do compartilhamento de informações e de formação sobre a doação de órgãos. Nesse contexto, o indivíduo reflete sobre o que leva da vida, sobre a necessidade de aprender para além do senso comum e da simplificação da vida, por isso a relevância desse trabalho: pensar contextualizado e no horizonte da complexidade, porque a vida pulsa intensamente na solidariedade.