Institucionalização de práticas sustentáveis em cooperativas da agricultura familiar: um estudo multicaso na região Noroeste do Rio Grande do Sul

Abstract

As organizações cooperativas destacam-se na capacidade de promover práticas sustentáveis, pois possuem, entre seus princípios, o compromisso de buscar o desenvolvimento sustentável das comunidades onde estão inseridas. Deste modo, o cooperativismo é apontado como instrumento importante para o desenvolvimento regional sustentável, e, sobretudo, para a sustentabilidade da agricultura familiar. Esse processo necessita cada vez mais de estudos empíricos, que analisem os fatores que levam as cooperativas a institucionalizarem as práticas sustentáveis. Assim, o objetivo da pesquisa foi interpretar como ocorre o processo de institucionalização de práticas sustentáveis, em quatro cooperativas de agricultura familiar, localizadas na região Noroeste do Rio Grande do Sul. A teoria institucional serviu como embasamento teórico. A estratégia de pesquisa empregada foi o estudo de caso em quatro cooperativas de agricultura familiar, sendo duas do município de Ijuí/RS, uma de Panambi/RS e uma de Jóia/RS. As técnicas de coleta de dados foram a entrevista em profundidade, questionário e observação não participante. Os achados da pesquisa mostraram que existem práticas sustentáveis institucionalizadas nas cooperativas, de forma destacada o controle de qualidade sobre os produtos ou serviços, aceitação da participação de grupos sociais minoritários (jovens, afrodescendentes, etc.) no quadro social e a utilização de forma racional de agrotóxicos e demais produtos nocivos ao meio ambiente. O isomorfismo coercitivo mostrou-se um mecanismo importante na institucionalização das práticas sustentáveis, uma vez que as quatro cooperativas estudadas sofrem algum tipo de influência de outras organizações, como a Vigilância Sanitária, Emater, Prefeituras e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Outras práticas sustentáveis são adotadas pelo consenso do quadro social e, embora disponham de recursos para manter as práticas institucionalizadas, as cooperativas apresentam dificuldades de ordem financeira para introduzir novas práticas, como a energia solar. Os dirigentes entrevistados destacaram ainda o importante papel dos recursos públicos no financiamento de máquinas e equipamentos, os quais são fundamentais para a institucionalização das práticas sustentáveis de ordem econômica. Palavras-chave: Agricultura familiar. Cooperativismo. Desenvolvimento sustentável. Teoria Institucional.