Avaliação da eficiência do tratamento de esgoto doméstico através de tanque séptico de câmara única: estudo de caso

Abstract

“Os esgotos são tratados por duas razões fundamentais: proteção da saúde pública e preservação do meio ambiente” (BENETTI & BIDONE, 1997, p. 867). A Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/90) prevê o direito fundamental ao saneamento e meio ambiente. No entanto, segundo dados do IBGE do PNAD de 2008, 2.233 milhões de domicílios brasileiros não contam com qualquer tipo de tratamento ou coleta de esgoto. No país, a adoção de tanques sépticos para este fim foi constatada em 11.909 milhões de unidades familiares (20,69% dos lares brasileiros) e no Estado do Rio Grande do Sul em 2.275 milhões (IBGEPNAD, 2008). Tal dispositivo se propõe a remover impurezas do esgoto por processos de sedimentação, flotação e digestão, ademais, conforme Chernicharo (2007), ainda são amplamente utilizados em todo o mundo constituindo-se em uma das principais alternativas para o tratamento de esgotos de residência e pequenas áreas não servidas por redes de esgoto. Os tipos de efluentes que podem ser tratados através de tanques sépticos é um assunto que passa despercebido e muitas vezes não entra em discussão nas literaturas. Em virtude disso, percebe-se que os profissionais da área dividem opiniões sobre a maneira como projetar a condução dos despejos. Existem vertentes que alegam o tratamento ser mais eficiente quando são direcionadas para o tanque séptico somente as águas negras (provenientes de vasos sanitários). Outras, não fazem referência ao assunto ou ainda não enxergam problemas em se destinar todo tipo de esgoto doméstico (águas negras e cinzas) para o referido dispositivo (águas cinzas - provenientes de lavagens em geral). A NBR 7229/1993 que é a norma que rege sobre o projeto, construção e operação de tanques sépticos, não aborda o assunto de forma clara e assim abre precedentes para que a decisão seja a do projetista. Percebeu-se aí, a contribuição que uma investigação experimental poderia fazer, na tentativa de começar a procurar por respostas e fazer a comunidade acadêmica voltar olhares para um assunto que pode estar passando despercebido mas que urge por atenção. Foram feitas análises laboratoriais de amostras tratadas provenientes de dois tanques sépticos, sendo que um deles recebeu somente águas negras e o outro águas negras e cinzas. Após estudo dos resultados dos parâmetros analisados, chegou-se a conclusão de que o tanque séptico que recebe somente efluentes cloacais fornece um tratamento melhor . No entanto, não se pôde afirmar que o pior desempenho do tanque de águas mistas tenha sido em consequência exclusiva da presença de produtos químicos, uma vez que abriram-se precedentes para cogitar a possibilidade de contribuição ou não de eficiência estar atrelada a maior ou menor diluição do conteúdo.