Gestão social da valorização da terra em municípios da região geográfica intermediária de Ijuí, Rio Grande do Sul, Brasil
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2024-07-29
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Resumo
A tese aborda a gestão social da valorização da terra a partir de perspectivas
conceituais que se conectam à epistemologia crítica. Primeiro, trata da ação política
deliberativa e participação ativa dos cidadãos em discussões públicas no processo
democrático. Depois, aborda a gestão democrática das cidades com a finalidade de
promover a justa distribuição entre ônus e benefícios decorrentes de investimentos
públicos. Por terceiro, aborda a perspectiva de produção do espaço urbano, para a
qual as cidades são construídas pela ação de agentes sociais concretos. A partir
dessas concepções, com o objetivo de conhecer e analisar processos de gestão social
da valorização da terra no planejamento urbano de municípios não-metropolitanos,
estudou-se as experiências de Ijuí, Santo Ângelo e Santa Rosa no Rio Grande do Sul,
cidades polo da Região Geográfica Intermediária de Ijuí. Utilizando o método da
Hermenêutica de Profundidade, realizou-se a análise do discurso de agentes sociais
concretos, a partir das percepções que Estado, mercado e cidadãos têm acerca de
quatro eixos estruturantes: gestão democrática das cidades; justa distribuição entre
ônus e benefícios decorrentes de investimentos; recuperação das mais-valias
fundiárias e valorização imobiliária. Foram atendidos objetivos específicos: a)
conhecer a produção científica sobre a atuação dos municípios não-metropolitanos
pós-estatuto da cidade, frente ao estabelecimento de instrumentos fiscais e sistemas
de gestão social da valorização da terra; b) verificar ações e decisões urbanísticas e
investimentos públicos que interferem no valor do solo urbano, e sua distribuição
socioespacial; c) identificar ações das municipalidades para coibir a especulação
imobiliária, recuperar mais-valias fundiárias e promover justa distribuição entre ônus
e benefícios dos investimentos públicos; d) identificar ações de movimentos sociais
que reivindicam moradia e compreender como encaminham suas demandas às
administrações municipais. Para responder aos objetivos, realizou-se uma revisão
bibliográfica. Posteriormente, foram entrevistados agentes sociais concretos, além da
coleta de dados municipais, primários e secundários. O estudo mostra um processo
recente de expansão urbana nos municípios estudados, por meio de mudanças no
plano diretor, que alteram o valor do solo até pouco tempo considerado zona rural. O
lançamento de loteamentos e condomínios particulares trouxe novas possibilidades
de exploração econômica para empreiteiras e loteadoras, que são obrigadas a investir
em infraestrutura básica além de atender critérios ambientais, culturais e sociais.
Todavia, por situarem-se em áreas não urbanizadas, o acesso a esses loteamentos
passa a depender de investimentos públicos em asfalto, iluminação, mobilidade
urbana etc. Por outro lado, bairros antigos e periféricos recebem recursos a contagotas, mediante pressão popular, na medida em que os cidadãos, geralmente
trabalhadores, necessitam de melhorias no espaço público, como segurança,
iluminação, arruamento etc. Embora cada município possua suas peculiaridades, há
movimentos de expansão do capital, de um lado, e pressões sociais, de outro, que
são tratados como se não estivessem interligados, o que desafia a efetivação dos
princípios fundamentais da política urbana, alicerçados na necessária e justa
distribuição entre ônus e benefícios dos investimentos na malha urbana. Efeitos
colaterais, como especulação imobiliária e segregação socioespacial fazem parte do
desenho urbano, desafiando cidadãos a buscarem justiça e o direito à cidade.
Palavras-chave: Direito à cidade; Municípios; Região; Planejamento Urbano.
Descrição
170 f.
Palavras-chave
CIÊNCIAS SOCIAIS::Ciências sociais