Formação em interesse múltiplo: inspirações Herbartianas para pensar o tempo escolar como “afetação duradoura”

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Strohhecker, Franciele da Silva dos Anjos

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Resumo

Esta dissertação recupera uma noção cunhada em 1806 por Johann Friedrich Herbart, apontando justificativas e possíveis desdobramentos para sua “reavivação” na educação escolar da contemporaneidade. Trata-se da noção de “Interesse Múltiplo”, que assume na obra Pedagogia Geral um importante objetivo formativo a ser alcançado por meio da instrução educativa (ou educação escolar). Dentro do espírito neo-humanista e da Aufklärung, Herbart pretendeu pensar uma instrução educativa para a formação de sujeitos multiplamente interessados – interessados pelo conhecimento objetivo acerca do mundo e suas representações, bem como pelas relações humanas oriundas da simpatia. Compreendemos que essa formação buscava forjar um espírito capaz de se manter afetado pelas questões existenciais e do mundo humano comum, algo que se aproxima daquilo que buscam Jan Masschelein e Maarten Simons através da defesa de uma skholé (escola de tempo livre, de tempo de ócio). Isso porque através desse tempo livre para o pensamento, a escola estaria ofertando aos alunos a possibilidade de suspender uma suposta “ordem do mundo”, para a qual a educação escolar deveria tender, a saber, a ideia de que é preciso preparar as novas gerações para o mercado de trabalho, ou para qualquer outro fim isolado, que nega aos sujeitos educacionais o direito de, pela formação humana, assegurarem-se como indivíduos autônomos e livres diante do mundo. Assim, esse tempo possibilitado pela skholé oferece aos alunos a chance de criarem interesses pelo mundo humano comum, ideia que imaginamos carregar uma grande potência para a realização de uma formação para e em interesse múltiplo. Uma formação nesses moldes pretende se configurar em uma afetação duradoura, algo que poderia possibilitar às novas gerações a chance de enfrentarem uma cultura do tédio e da vida sem sentido, carregada de sentidos passageiros, fenômeno ao qual Yves de La Taille vai se referir. Tal formação permitiria conceber sentidos próprios e existenciais para as nossas vidas nesse mundo compartilhado, devido ao círculo de pensamentos alargado que o sujeito, de forma livre e multiplamente interessada é capaz de construir.

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92 f.

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