A evasão de estudantes no ensino superior: um estudo a partir do curso de administração da UNIJUÍ

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2019-03-06

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Introdução Atualmente neste ambiente altamente competitivo, gerado pela quantidade de oportunidades, ofertas, preços, opções, e não menos importante, as mudanças ocorridas no comportamento dos indivíduos destas novas gerações, a retração nos índices de matrículas e aumento da evasão, causa impacto no meio universitário, deixando também instituições renomadas, receosas quanto ao futuro deste tipo de serviço. A evasão, termo utilizado para referenciar o rompimento do vínculo acadêmico, que pode ser constituído apenas por uma troca de curso, ou tratar-se da opção por outra instituição, ou ainda, e esta é a forma mais preocupante, ser uma retirada definitiva do ensino superior, é fator a ser estudado e compreendido a fins de evitar tal acontecimento. Para Teles (1995), é considerado evasão, toda forma de saída do Curso, exceto através da graduação. As formas de evasão consideradas são: a mudança de curso, abandono, transferência, desistência, falecimento, decurso do tempo máximo, reprovações, vagas canceladas por irregularidade de documentação e em concurso vestibular. A educação é uma forte aliada do crescimento individual e coletivo, sendo uma importante ferramenta de contribuição para o desenvolvimento de um país. Conforme Pimenta (2002, p. 97) a educação é um processo de humanização, “é processo pelo qual se possibilita que seres humanos se insiram na sociedade humana, historicamente construída e em construção”. Esta pesquisa tem como finalidade identificar os cenários de matrículas e evasão, abrangendo país, estado e instituição (Unijuí), bem como compreender as causas que motivam a evasão do curso de Administração, visando buscar proposições para manter os atuais alunos, sobretudo atrair novos e reinserir os que já saíram no meio universitário. Metodologia A coleta de dados ocorreu através de pesquisa exploratória documental, objetivando levantar dados de ingressos, matrículas e evasão, traçando possíveis semelhanças entre país, estado e instituição. Também, por meio de questionário semiestruturado, com questões abertas em entrevista à coordenação do curso. Demais dados foram obtidos através da pesquisa aplicada, onde elaborou-se um questionário com questões abertas e fechadas, definidos por escala Likert de concordância, gerando informações relacionadas ao perfil do aluno evadido, os motivos que o levaram a escolher o curso e a instituição, bem como as razões para o trancamento ou desvinculação do curso. Para Gil (2010) a pesquisa aplicada, visa a gerar conhecimentos para aplicação prática, voltados à solução de problemas específicos da realidade. Envolve verdades e interesses locais. A fonte das questões de pesquisa é centrada em problemas e preocupações das pessoas e o propósito e oferecer soluções potenciais para os problemas humanos. De acordo com Minayo (2011, p.22) a entrevista semiestruturada é uma ferramenta que “combina perguntas fechadas e abertas, em que o entrevistado tem a 4 possibilidade de discorrer sobre o tema em questão sem se prender à indagação formulada”. O questionário foi enviado por e-mail e aplicativo de conversação para 446 alunos evadidos, todos (as) ex-alunos (as) do curso de Administração, distribuídos entre todos os campi da instituição. Para análise dos dados foi utilizado o procedimento de distribuição de frequência. Resultados Sobre a comparação entre país, estado e universidade (Unijuí), baseado no número de ingressos, matrículas e evasão, constata-se que o número de alunos que ingressam é de modo geral crescente, com algumas variações, contudo, é similar a todos a redução expressiva no ano de 2016. Para as matrículas o cenário foi crescente até o ano de 2015, tendo redução no ano de 2016, mas esta perda foi mais intensa para a Unijuí. A redução no número de concluintes também se assemelha, porém, na Unijuí a redução ocorre de maneira mais linear, mantendo-se com números muito próximos ano, após ano. O quadro de matrículas e evasão especificamente do curso de administração demonstra que o número de alunos que efetivam suas matrículas vem decaindo, considerando o período de 2012 a 2017, o curso possuía 911 alunos e encerra o período com 471, o que demonstra uma perda de 440 alunos no curso, ou seja, redução de 48,30% no montante de acadêmicos. O número de trancamentos vem decaindo a cada ano, porém, a quantidade de ingressantes no curso também, e este é um fator negativo, pois em 2013 eram 303 ingressantes e em 2017 somente 164. Dos 364 trancamentos realizados no período de 2014 a 2017, foram encontrados 70 trancamentos sem justificativa para tal decisão, o que representa 19% do total de trancamentos deste período. Seguidos deste, apareceram os motivos financeiros, com 17%, seguidos de problemas de trabalho, com 14%, outros cursos na Unijuí e outras IES particulares com 11% cada um. Com menos representatividade aparece à justificativa de trancamento por opção de outra IES Federal, mostrando-se em 6% dos trancamentos, sucedidos de mudança de cidade e problemas acadêmicos, ambos em 5% dos trancamentos. Demais motivos possuem menos representatividade. Na pesquisa aplicada, obteve-se 66 retornos de ex-alunos, sendo que a maioria dos participantes é do sexo masculino, ou seja, 68%. Em maior proporção a idade gira entre 23, 24 e 25 anos, sendo a maioria solteiros, e ainda residem com os pais, porém, eles próprios subsidiavam o pagamento de suas mensalidades. A renda familiar média é de 3 a 4,5 salários mínimos. Estes cursaram em média 1 a 4 semestres do curso, e 52% manifestaram interesse em retornar aos estudos. Obteve-se maior expressividade como fatores que contribuíram na escolha do curso, a ascensão profissional, com 71,2%; a possibilidade de trabalhar na área ou em áreas semelhantes, com 72,7%; a possibilidade de trabalhar e estudar ao mesmo tempo, com 65,2%; facilidade de inserção no mercado de trabalho, com 60,6%; e atende aos meus interesses e aptidões com 62,1%. Para a escolha da Universidade, o fator que mais contribuiu, foi a boa reputação da Unijuí, com 57,6%. Os fatores que menos contribuíram foram: valor das 5 mensalidades; proximidade do meu trabalho; obtive aprovação somente nesta universidade; e possibilidade de ter bolsa ou financiamento. Sobre os motivos da evasão, o fator que mais teve relevância foi o valor das mensalidades, o qual pode ter contribuído com o trancamento de 62,1% dos entrevistados, pois consideram que são muito elevadas. Dos motivos que não contribuíram com a evasão, é possível destacar: sistema de avaliação inadequado; professores não cumprem horários de início de término das aulas; dificuldades de deslocamento; salas de aula e demais ambientes universitários inadequados; mudança de cidade e estado; dificuldade em conseguir bolsa; problemas de saúde própria, ou de familiares; dificuldade de conseguir financiamento; e reprovações constantes. As percepções apontadas pela coordenadora em entrevista são de que esta geração de alunos é mais jovem e motivada, eles interagem nas aulas sendo participativos, mas também são mais dispersos e conectados ao mundo virtual, o que torna mais difícil manter a concentração nas aulas. Os jovens da geração Y são imediatistas, e este pode ser uma das causas facilitadoras da evasão. Outra causa pode ser o elevado valor das mensalidades, mas para tal empecilho estão sendo construídas propostas de redução de valores. Outras ações também estão sendo tomadas, como por exemplo, o monitoramento aos alunos com faltas excessivas, alterações no projeto pedagógico do curso, tentativa de aulas mais dinâmicas e interativas. Confirma Lipkin e Perrymore (2010), tal referência entre o ensino e as adaptações tecnológicas, constatando que a geração Y nasceu em uma era de grandes avanços tecnológicos, e este fato influencia a forma de comunicação, a velocidade, o tipo de linguagem e as limitações de tempo e de espaço. Este desenvolvimento acelerado da tecnologia, resultou na transformação da comunicação, pois no passado os pais, a escola e os amigos ensinavam a escrita correta, mas atualmente a comunicação começa com os pais, mas se desenvolve e se transforma com base na tecnologia. Em posse de todas estas informações, constituídas com base nos dados da pesquisa, foi possível fazer algumas proposições como:  A oferta de um curso que tenha proposta de aulas mais dinâmicas e interativas, visando saciar o desejo de movimento, acessos, criações e motivação, que o público atual exige. Trazendo a tecnologia como aliada, vinculada ao aprendizado, aplicando a teoria à prática e ao crescimento profissional, deixando os jovens preparados para o mercado de trabalho. Considerando que tal mercado também não é mais o mesmo onde as gerações anteriores se inseriam;  Constante monitoramento dos alunos ao que tange o ensino, controlando possível desmotivação, buscando não deixar o aluno perder o interesse pelo curso ou pela universidade, dando assistência e suprindo possíveis desgastes na relação aluno-curso-instituição;  Redução no valor das mensalidades, pois com preços mais acessíveis é possível que exista mais interesse em ingressar, bem como menos chances dos atuais alunos sair e migrar para outras instituições. Pois em matéria de boa reputação a instituição é bem vista, então o preço poderia ser mais um diferencial perante as demais; e  Banco de dados sempre atualizados, com informações mais completas e concisas sobre as causas da evasão, visando à captura e reinserção dos evadidos novamente ao meio universitário. O acompanhamento das causas pode ser uma 6 forma de encontrar meios de trazê-los de volta, pois muitas vezes o motivo da evasão é causa passageira e pode estar suprida ou superada após algum tempo. Conclusão De acordo com os objetivos que eram verificar e analisar as causas da evasão no ensino superior privado, foram buscadas informações para a realização da pesquisa de dados, através de acessos ao censo da educação superior e fontes internas da própria instituição, para tal pesquisa, os retornos foram satisfatórios e contundentes, entretanto confirmou-se que existe uma queda significativa nos números vinculados ao ensino superior. Envolvendo ainda os objetivos, mas voltando-se especificamente ao curso de graduação em administração presencial da UNIJUÍ, utilizou-se de dados internos, para confirmar o recuo na massa de alunos deste curso. O questionário que propendia traçar o perfil dos alunos evadidos, bem como as causas da evasão, os motivos para a escolha do curso e da instituição, foi enviado através de e-mails e redes de conversação, a todos os alunos que trancaram ou se desvincularam do curso de administração presencial, dentro do período de 2014 a 2017. Mas este não foi totalmente satisfatório, pois o baixo número de respostas pode não ter contribuído tanto quanto se esperava. As informações obtidas através da entrevista com coordenadora do curso confirmaram diversos resultados apontados no retorno da pesquisa aplicada aos alunos e eram condizentes com muitas informações retiradas de referências bibliográficas sobre o assunto. Considerando todos os retornos, os quais foram sendo constituídos em cada fonte de dados e informações, foi possível concluir que não existe um motivo específico que faz um acadêmico vir, ou permanecer em uma instituição, pois cada indivíduo traz consigo uma bagagem, seja na vida pessoal, ou profissional, e nestas bagagens, inúmeras situações podem surgir e motivar suas escolhas. Desta forma, foi possível alcançar o retorno desejado para este trabalho de conclusão de curso, no entanto, ele não veio em forma de uma única resposta bem específica, mas sim, se constituiu de diversas possibilidades sobre as causas que podem motivar o rompimento do vínculo acadêmico, algumas mais evidentes e outras não tão claras, mas certamente tais resultados podem contribuir com melhorias para minimizar a evasão, atrair os evadidos e buscar novos alunos.

Descrição

114 f.

Palavras-chave

Ciências sociais aplicadas, Administração, Ensino, Evasão, Serviços

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