Catador não é lixo, não! Catador é lixo, sim!: o caso ACATA Ijuí
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Data
2011-12-09
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Resumo
Na atualidade, o quadro manifesto de exclusão social, decorrente da
precarização dos processos de trabalho e da redução do Estado de Bem-estar Social,
acentuou-se, disseminando a pobreza e as desigualdades sociais, obrigando milhares de
trabalhadores a assegurarem sua sobrevivência nas sobras descartáveis da sociedade
capitalista: no lixo. Neste contexto emergem diversas formas de organizações populares,
como o associativismo, que ressurge como proposta de ser, e de se refazer, uma “outra
economia”, baseada nos princípios da cooperação, solidariedade e autogestão. O
objetivo em pesquisar o processo de formação e organização de uma associação de
catadores de materiais recicláveis era compreender como se moveriam, neste novo
espaço, sujeitos marcados pela pobreza, em um processo contínuo de exclusão,
considerados indisciplinados, sem uma subjetividade afirmada; constituídos sob a tutela
das políticas públicas e que a partir de seu ingresso neste empreendimento, que conta a
assessoria da Incubadora de Economia Solidária da UNIJUÍ, foram desafiados a
assumirem responsabilidades e a decidirem sobre questões que lhes colocaram em outro
patamar: passarem de seres assujeitados, desestruturados psicológica e socialmente, a
sujeitos políticos e atuantes na associação, comprometidos com as mudanças sociais,
características estas que, de um modo geral, não foram incorporadas por estes
trabalhadores no decorrer de suas vidas. A pesquisa se constitui num Estudo de Caso da
experiência da ACATA Ijuí, em Ijuí-RS, em que a observação participante, a partir de
reuniões quinzenais, visitas domiciliares, conversas informais e as entrevistas
compuseram o material analisado. Os dados levantados demonstraram a dificuldade de
estes trabalhadores ultrapassarem a indisciplina, a falta de persistência e a lógica
neoliberal de competição e hedonismo que os constituiu. Verificou-se, ainda, uma forte
dependência destes em relação à Incubadora e uma instabilidade nas suas relações, o
que não possibilitou a formação de um grupo, pois os princípios de cooperação e
solidariedade, necessários ao bom andamento de um empreendimento que se pretende
autogestionário não puderam ser observados na Associação.
Descrição
129 f.
Palavras-chave
Catadores de material reciclável, Exclusão social, ACATA, Ijuí, Economia solidária