As significações do III Plano Nacional de Políticas para as Mulheres e do Programa Mulheres Mil: educação profissional para mulheres pobres
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Trindade, Fernanda de Magalhães
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Resumo
Esta tese tem como objetivo analisar o capítulo 1 do III Plano Nacional de Políticas para as
Mulheres (2013-2015) – “Igualdade no mundo do trabalho e autonomia econômica” – e o
Programa Mulheres Mil. E ainda, de modo particular, compreender a produção de significações
em um grupo de mulheres beneficiárias desse Programa. Para tanto, recorri à análise documental,
às análises descritiva, conceitual e normativa de Peter et al. (2007), a entrevistas narrativas e à
análise do conteúdo. Os resultados permitiram concluir que o III PNPM e o Programa Mulheres
Mil emergem no contexto contemporâneo econômico neoliberal, que tem no indivíduo – nas
mulheres – a sua força de trabalho, o seu capital. A educação profissional atravessa essas
políticas como forma de aprimorar o capital humano e incluir produtivamente as mulheres em
situação de vulnerabilidade social no mundo do trabalho público, assalariado e/ou empreendedor,
o que denomino de economização do social. O trabalho e a consequente geração de renda são
fundamentais nesse contexto neoliberal para um suposto desenvolvimento da igualdade e da
autonomia econômica para as mulheres, valores esses que justificam a existências dessas políticas
públicas, para a modificação das relações de gênero existentes no país. Contudo, as significações
produzidas nas mulheres beneficiárias mostraram resultados diferentes dos propostos nas análises
dos documentos. A educação profissional, nesse caso, atende aos interesses do capital, utilizando
a capacitação das mulheres para o desenvolvimento econômico do país. Além disso, são políticas
compensatórias de desiguais condições históricas e sociais enfrentadas por elas, que não
contemplam o direito à diferença de gênero e que contribuem para uma igualdade e autonomia
econômica imaginárias, e não reais. Trata-se de uma educação pobre, que capacita mulheres
pobres para a realização de atividades operacionais, que não exigem o desenvolvimento
intelectivo, desvalorizadas socialmente e com baixa remuneração. Dessa forma, as mulheres
pobres têm acesso, ainda que mínimo, à renda, ao consumo imediato, mas não modificam suas
precárias condições de vida em longo prazo. Assim, são necessárias mudanças educacionais que
aliem a educação básica de qualidade com a educação profissional, na direção de formar cidadãs
conscientes econômica, social, cultural e politicamente, que preparem as mulheres não somente
para o ingresso no mundo do trabalho público e para a geração de renda, mas que eduquem para a
vida.
Descrição
96 f.