Bullying escolar: a corporeidade como fator de in/exclusão sócio-educacional
Carregando...
Data
2011-11-30
Autores
Pires, Marília Jardim
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Resumo
Os corpos carregam marcas que se inscrevem na pele, nos pelos, nas expressões
gestuais, nas formas físicas, nos modos de vestir. Presenciamos diariamente no
contexto escolar a obsessiva importância dada, sobretudo, a algumas marcas
corporais, apresentando-se como um referencial classificatório. O contexto escolar
está carregado de preconceitos - assim como a vida cotidiana - e esses cada vez
mais acarretam violência e exclusão. Há muito a escola já tem se mostrado como
um espaço acometido pela violência, e a do tipo bullying – tirana e “silenciosa”- se
configura num modelo contemporâneo de agressividade. Diante dessa
problematização formulo as seguintes questões de pesquisa: Quais são as marcas
corporais que mais produzem essas nomeações de violência no contexto escolar?
Quem são esses sujeitos, vítimas de apelidos, de exclusões, de xingamentos e
dessas violências? Para realizar essa discussão busquei uma escola estadual de
classe média, no município de São Luiz Gonzaga-RS. Interagi durante dois anos
(2007-2008), junto a 160 alunos de 5ªs e 6ªs séries com idades que variam de 10 a
14 anos, onde eles apontaram em seus cadernos as nomeações mais freqüentes
que usavam uns para com os outros ou de que eram vítimas na prática das
atividades escolares e nas aulas de Educação Física e a cada trimestre escolar
discutíamos e colocávamos em pauta esse assunto da naturalização das
discriminações pela via corpórea, objetivando com isso chamar a atenção dos
discentes para essa preocupante prática de excluir impunemente seus pares na
escola – local este onde se constituem subjetividades e identidades juvenis. A
metodologia utilizada se configurou no âmbito qualitativo com natureza
participante/descritiva onde se procura compreender as análises a partir dos
significados expressos pelos participantes do estudo. Das análises que resultaram
dessa investigação focalizo um movimento que permite visualizar o fenômeno
bullying que se inicia como uma brincadeira insistente ao colocar apelidos
depreciadores nos colegas e que muitas vezes, acabam gerando violências
verbais/físicas/morais mais sérias e que excluem os pares de uma convivência
fraterna e pacífica. As observações/narrativas demonstram que dentre os
“diferentes” que são discriminados se encaixam os obesos, os muito magros,
aqueles com trejeitos diferentes, os que usam óculos, os de pouca estatura, os de
corpos “silenciosos”, os que têm sotaque característico de alguma origem étnica, os
“ruins de bola”, os muito estudiosos, os negros, os pobres e os “feios”, entre outros.
Ao finalizar a pesquisa pretendo socializar com os docentes e com toda comunidade
escolar os resultados obtidos e planejar ações que evitem ou amenizem essas
práticas excludentes.
Descrição
133 f.
Palavras-chave
Bullying na escola, Corporeidade, Escola, Educação Física