Políticas públicas e os sistemas agroflorestais: percepções de moradores do baixo Amazonas
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Resumo
A pesquisa tem como objetivo central compreender as percepções de moradores do Baixo
Amazonas em relação às políticas públicas e os processos de fortalecimento dos Sistemas
Agroflorestais (SAFs). Trata-se de um ambiente em que as políticas se inserem em uma
dualidade contraditória: de um lado, agricultores, ribeirinhos e indígenas; de outro, granjeiros,
fazendeiros, mineradores, com interesses e características próprias de um modo de produção
distinto. Essa realidade configura uma luta permeada por estratégias de enfrentamento que
demandam a presença do Estado, de modo a garantir atenção aos moradores nas áreas de
crédito, assistência técnica, infraestrutura, mercados institucionais, favorecendo a expansão
dos SAFs. Compreender como os moradores da região percebem as políticas públicas constitui
um campo de pesquisa relevante, não apenas para avaliar sua efetividade, mas também para
indicar caminhos de aprimoramento. Essa compreensão requer investigações que considerem
desafios como o desmatamento, a perda da biodiversidade, a degradação do solo, a insegurança
alimentar e a vulnerabilidade climática e social. O estudo adota um referencial teóricometodológico
fundamentado em pesquisa aplicada, de abordagem qualitativa, com
procedimentos bibliográficos, documentais e estudo de caso. A pesquisa foi realizada em
comunidades dos municípios de Faro (Pará), Oriximiná (Pará), Terra Santa (Pará) e Nhamundá
(Amazônia), no período de julho a dezembro de 2024, contemplando 23 perguntas aplicadas a
36 participantes, entre agricultores, ribeirinhos, indígenas e representantes de sindicatos,
associações, cooperativas, câmaras de vereadores, prefeituras e unidades da Emater, todos com
vínculo direto com as políticas públicas e os Sistemas Agroflorestais. A interpretação dos
resultados baseou-se na análise de conteúdo, a qual evidenciou um alinhamento promissor entre
as políticas públicas e a implementação dos SAFs, mediante a adoção de práticas sustentáveis.
Para os participantes da pesquisa, os SAFs contribuem para a melhoria da qualidade de vida e
da segurança alimentar, fortalecem a autonomia familiar e reduzem a dependência de
monocultivo. No campo das políticas públicas, foram apontadas a falta de continuidade e a
desarticulação entre programas governamentais, a escassez de assistência técnica adequada à
realidade local e as dificuldades de acesso aos programas públicos. Entre as principais
limitações destacam-se o transporte fluvial e terrestre, que restringem o escoamento da
produção, as deficiências de infraestrutura, os recursos limitados e as condições climáticas
(secas e cheias). Os participantes também ressaltaram a necessidade de ampliar programas
como o de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Plano Safra, as linhas de crédito, o Plano
Nacional de Alimentação Escolar, o Programa de Aquisição de Alimentos, o Bolsa Família. As
políticas públicas em um território vasto e heterogêneo, como o da região do Baixo Amazonas,
desafiam a identificação de fatores culturais que influenciam a adoção dos SAFs, mas indicam
que estes permanecem de grande interesse para o desenvolvimento sustentável, ao integrarem
avanços científicos e tecnológicos com conhecimentos tradicionais. Essa integração representa
uma associação entre inovação e tradição, configurando um alicerce para a construção de
modelos sustentáveis, mediante um movimento interinstitucional articulado entre os diversos
níveis de governo e com a participação das organizações da sociedade civil. Essa articulação
requer uma governança participativa que envolva os próprios moradores do Baixo Amazonas
em processos de planejamento e implementação, condição essencial para o sucesso das políticas
públicas voltadas ao desenvolvimento dos Sistemas Agroflorestais e à redução das
desigualdades sociais, um papel central e de responsabilidade do Estado
Descrição
92 f.