Performatividade: as marcas da educação na alma de corpos estranhos

Abstract

Este estudo problematizou as marcas impostas pelos espaços educativos tais como família, escola e sociedade nas almas de sujeitos homossexuais e os aspectos performativos que a educação se utiliza para a construção de identidades heterossexuais. Partindo desta problematização, foi construído este estudo com o objetivo de reconhecer nas recordações e lembranças dos pesquisados, a partir de suas histórias de vida, como a normalização do corpo, o disciplinamento e as relações de poder agregadas às práticas se manifestam na condução dos comportamentos. Como lócus de pesquisa, escolhemos o município de São Borja, localizado na Fronteira Oeste do Estado do Rio Grande do Sul, local fortemente marcado pela cultura que valoriza a heterossexualidade enquanto normalidade. Utilizei-me de uma metodologia que coloca o pesquisador como um contador de histórias, algo que caracteriza esse trabalho como uma pesquisa de cunho qualitativo, que busca a escuta de diálogos com os pesquisados que relataram como os espaços sociais e de educação escolar marcaram suas almas de forma normalizadoras e/ou excludentes, como cada um dos sujeitos da pesquisa foi alvo de práticas com efeitos sobre sua subjetividade. Desta forma, foram apresentadas as histórias de vida de três homens que assumem sua identidade homossexual no local escolhido para a pesquisa. Os dados coletados foram apresentados neste estudo de forma descritiva e analítica mediante o aporte teórico de Foucault (2001, 2004, 2005, 2006, 2007, 2009), Louro (2001, 2004, 2010), Butler (2008), Britzman (2001), Rose (1998, 2001) entre outros autores. À guisa de conclusão, identificamos nas falas dos pesquisados o quanto a regulação é persistente, pois a família e a escola são espaços em que eles diziam ter vivenciado as mais diversas operações de controle, que visava a normalização dos seus comportamentos, intensionando a heteronormatividade.