A inclusão do deficiente visual no ensino regular: um estudo de caso no Colégio Estadual Dr. Dorvalino Luciano de Souza

Abstract

A presente pesquisa aborda a problemática da inclusão no ensino regular, por meio de um estudo de caso de uma aluna deficiente visual frequentando o ensino regular em uma escola pública da rede estadual do Rio Grande do Sul. A investigação centrou-se no cotidiano escolar, tomando como objeto de observação o enfrentamento dos professores a esta situação e o processo de aprendizagem e socialização da aluna cega. O procedimento metodológico do estudo de caso baseou-se na história de vida da aluna sujeito da pesquisa, narrada pela mãe e pela própria aluna; na observação do cotidiano escolar e das interações da menina na cidade onde mora; bem como em entrevistas realizadas com a mãe e as professoras da aluna. A hipótese central que conduziu a análise dos dados coletado, baseia-se nos estudos de Vigotski, em especial na sua obra “Fundamentos de Defectologia” (1997), na qual busco a compreensão das estruturas de pensamento do deficiente visual, suas formas de percepções e de compensação da visão com outros sentidos para ler e interpretar o mundo. Procuro também fazer um paralelo com a experiência e vivência da educadora Elizabete Dias de Sá sobre a cegueira compreendida e vivida por ela como pessoa cega. Busco, também, dialogar com pesquisadores que tem escrito e teorizado sobre a inclusão, sobre o papel da linguagem e da experiência na constituição da identidade, bem como o papel da memória na constituição de representações e mapas mentais, tão importantes na construção do conhecimento e na socialização do cego. Foram meus interlocutores, nessa etapa da pesquisa, autores como Carlos Sckliar, Jorge Larrosa, Tomaz T da Silva, Ivan Izquierdo, C. Herrero Frabegart e Helena Callai. Além de entender o processo de inclusão de alunos cegos a partir de suas condições de apropriação do conhecimento escolar e participação na vida social, a pesquisa teve como objetivo oferecer subsídios à escola para a compreensão e o desenvolvimento de currículos inclusivos, bem como auxiliar a mediação do professor na sala de aula em relação à constituição de relações pedagógicas necessárias a uma relação social interativa de alunos cegos com o ambiente escolar. Os resultados da investigação apontam a importância da escolarização, da mediação pedagógica e das interações sociais na constituição da identidade do cego e na superação de estereótipos que dificultam a convivência, a valorização de suas competências e participação cidadã do deficiente visual.