Linguagem, arte e educação ético-estética em perspectiva hermenêutica filosófica
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Data
2018-05-07
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Resumo
A Tese Linguagem, Arte e Educação Ético-Estética em Perspectiva Hermenêutica Filosófica trata da
plausibilidade de um ensino (educação) que considera os fundamentos de uma hermenêutica filosófica e do
que se expressa na reflexão acerca da especificidade da arte como dimensões próprias do aprender.
Argumento, por isso, que é interpretando algum componente simbólico da tradição em perspectiva própria,
traduzindo-o em um dizer, ou seja, alçando-o ao âmbito da linguagem posta no horizonte cocriativo de cada
um, que se configura a aprendizagem. Reivindico, portanto, uma abordagem hermenêutica não somente
para o ensino da arte, mas, inclusive, para as demais áreas do saber que também precisam contemplar no
seu ensino esse modo humano de apreender, justificando que todo aprendizado, seja ao modo de visões,
comportamentos, inclusive o que poderíamos chamar de habilidades, somente se efetiva, tornando-se uma
realidade para o sujeito, quando se constitui em formas simbólicas, em regra, em expressões linguísticas.
Para tanto, recorro a Heidegger e Gadamer para tematizar a linguagem como uma dimensão constituinte do
humano evidenciando que por ela temos um mundo. Destaco, porém, o pensamento de Gadamer,
afirmando que o homem interpreta a si e aos outros em um horizonte histórico, em que a tradição se
constitui em herança pela qual sabemo-nos parte de um todo, sendo ela um patrimônio do mundo humano.
Também, que a linguagem é o modo pelo qual o homem compreende e compreende-se em um jogo
dialógico intersubjetivo, em que se expressa a relação essencial entre pensamento e linguagem,
interpretação e compreensão. Essa noção nos leva à arte e sua possibilidade inesgotável de nos colocar
diante de verdades, pois, como algo irredutível ao cotidiano, nós a interpretamos a cada vez que a
trouxermos em nosso horizonte interrogativo. Essa verdade que a arte nos permite conhecer se dá ao modo
de sua própria especificidade poética, sendo ela um jogo de velamento e desvelamento do ser, que garante
sempre novos sentidos, ficando, desse modo, impedida de tornar-se uma verdade absolutizada. A partir
dessa ideia, apresento a arte como uma linguagem estética e proponho pensar a possibilidade de um ensino
de arte que permita ao aluno viver a experiência da sua inesgotabilidade, posto que na relação com a arte
ordenamos cada vez mais aquilo que nos compõe, o nosso mundo. Recorro, para tanto, à noção de
educação ético-estética, apresentada por Nadja Hermann, por ver nela um horizonte de ampliação da
abordagem da arte na educação e, por isso, uma possibilidade da sua ressignificação escolar, propondo que
seu sentido esteja atravessado pela especificidade de ser uma linguagem ético-estética. Isso significa, por
sua vez, que os conteúdos de seu ensino são de natureza ético-estética, pois a arte traz em seu próprio modo
de ser a abertura ao outro. Desse modo, destaco a noção de experiência estética na qual Gadamer afirma ser
ela a possibilidade de viver a experiência como experiência e, no caso do ensino da arte, seria um vivenciar
as linguagens artísticas como um modo de acesso e compreensão das questões da arte e, ainda, de uma
compreensão e autocompreensão das questões referidas à condição humana. Assim, pergunto pela
legitimidade de uma educação que considere o diálogo como a oportunidade de o aluno emitir a sua palavra
em vista de ressignificar o conhecimento e os conceitos, tornando-os próprios, tendo no professor um
hermeneuta que comunica um patrimônio, transmitindo uma herança e, ao fazê-lo não somente permite aos
alunos a noção de pertencimento a uma tradição, mas, ainda, as condições para aprender a aprender visando
a uma formação para a singularidade. Por isso, a noção de que a arte sempre exigirá de nós que a trazemos
em nosso próprio horizonte intersubjetivo, no qual os sentidos necessitam ser construídos, constitui uma
tônica deste trabalho, posto que essa especificidade da arte leva-nos a pensar na própria dimensão do
aprender. Nesse sentido, apresentamos as noções heideggerianas de uma educação que visa à autonomia
por meio de um ensinar/aprender em que, juntos, alunos e professores se percebem parte de um fenômeno
de educação, que, no meu entender, se coaduna com a visão gadameriana de que educar é se educar, pois,
ambas, visam à força do humano na realização de sua própria autoeducação em um mundo historicamente
constituído.
Descrição
198 f.
Palavras-chave
Ciências humanas, Educação nas ciências, Heidegger, Gadamer, Ensino de Arte, Experiência, Compreensão, Aprender a aprender