Fatores impulsionadores e inibidores de competitividade dos produtores rurais da Cadeia Produtiva Do Leite no município de Santo Cristo – RS
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2016-04-12
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Resumo
As constantes mutações do contexto econômico brasileiro ao longe dos últimos anos vêm demonstrando a importância do agronegócio, que mesmo em momentos de crise mantem-se constante ou ainda em crescimento, reconhecido como a locomotiva da balança comercial brasileira, uma vez que em 2014 foi responsável por 23% do PIB brasileiro. A cadeia do leite tem grande importância dentro deste contexto, sendo diagnosticada em todas as regiões do país, acrescentando a renda mensal principalmente dos pequenos produtores. A região sul do pais é reconhecida como umas das grandes produtoras de leite, onde o município de Santo Cristo se destaca como o maior produtor de leite do estado do Rio Grande do Sul, com uma produção de 62.640 mil litros em 2014.
Este contexto esta exigindo cada vez mais dos elementos da cadeia do leite, principalmente dos produtores que enfrentam as dificuldades do setor e ainda sofre com as interferes climáticas, aumentando cada vez mais os padrões de competitividade, que podem ser definidos como a capacidade de um empreendimento rural permanecer no mercado, e ao mesmo tempo crescer dentro do mesmo ou novos mercados concorrentes. Também ganha importância para ser competitivo no mercado os contextos de gestão e planejamento das propriedades rurais, uma vez que os indicadores de custo, produtividade, faturamento e outros explicam a eficiência competitiva de uma empresa agrícola (Zylbersztayn e Neves, 2000).
Levando em consideração o contexto, o proposito do presente estudo esta centrado em analisar os fatores impulsionadores e inibidores de competitividade dos empreendimentos rurais produtores de leite no município de Santo Cristo. Para nortear a pesquisa busca-se alcançar os objetivos de caracterizar os proprietários e propriedades produtoras de leite do município, bem como caracterizar o processo de gestão atualmente utilizado. Também objetiva identificar as transações dos produtores com os demais elos da cadeia leiteira, avaliar os fatores de competitividade das atividades dos produtores e após objetiva ainda identificar os fatores de tendência para a produção de leite, bem como propor sugestões estratégicas para melhorar a performance competitiva dos produtores de leite do município. Possui uma abordagem de natureza quanti-qualitativa, em termos de objetivos a pesquisa é exploratória e descritiva, sendo segundo os meios bibliográfica, documental, de observação, levantamento, entrevista em profundidade e estudo de caso (GIL, 2002; MALHOTA 2001).
A coleta de dados quantitativos deu-se a partir do método survey, com questionário estruturado, de perguntas com respostas pré-definidas, aplicado junto a uma amostra não probabilística de 133 produtores de leite do município de Santo Cristo. Para os dados qualitativos aplicou-se entrevistas em profundidade com 5 produtores distintos do município, com perguntas pré-definidas a fim de buscar dados em relação a temas relacionados a gestão, processo produtivo, perspectivas futuras e outros (MALHOTA, 2001)
Para a análise e interpretação dos dados quantitativos são usados métodos estatísticos (tabulação, excel, gráficos, tabelas ...) vendo que a utilização dos mesmos ajuda o leitor a compreender melhor os resultados. Os dados qualitativos são submetidos a analise e comparativos junto a conhecimentos adquiridos junto a literaturas teóricas e estudos antecedentes referentes ao assunto. Dentre os 133 respondentes a maioria possui mais de 41 anos de idade, de formação escolar de predominância do ensino fundamental incompleto, com 82% do gênero masculino, grande maioria casados ou em união estável. Predomina os produtores que estão na atividade a mais de 21 anos, utilizando como mão de obra a familiar para a realização das atividades. Geralmente as propriedades não ultrapassam das 30 hectares e destas propriedades resultam uma media de 196 litros/dia entre as propriedades respondentes, com a utilização de ordenha canalizada em 42% das propriedades e resfriador de expansão direta em 87% das propriedades respondentes.
Para Batalha (2001), ser competitivo na atividade leiteira requer muito do produtor, uma vez que é uma atividade muito complexa e cheia de interfaces, dependendo muito de uma gestão e controle eficaz de todos os fatores que permeiam a atividade. O contexto de produtores estudados demonstra não possuírem nenhum tipo de controle de gestão ou planejamento formal na empresa agrícola, sendo que as praticas produtivas e de gestão na maioria das propriedades é fundamentada em conhecimentos tradicionais obsoletos adquiridos durante a vivencia de produtor de leite. A pratica de adesão as inovações tecnológicas de produção e principalmente de gestão que potencializam a competitividade das propriedades é realidade em uma minoria de produtores, e de uma forma muito individualizada e centralizada. Uma ampla adesão a tais mecanismos de gestão esbara em uma cultura tradicional de anti-modernismo, que dificulta a disseminação da competitividade dos produtores.
Os produtores de leite do município de Santo Cristo realizam inúmeras transações com os demais elementos da cadeia produtiva, tanto diretamente com a indústria ou fornecedora de insumos, quanto indiretamente com influencias dos consumidores e distribuidores. Batalha (2001) aborda que um empreendimento rural não pode se visto independente, e sim como parte de um sistema produtivo, estando adequado e em sintonia com os demais elementos do sistema. E Sparemberger (2010) em seus estudos coloca que os agentes de uma cadeia mantem uma intensa relação de cooperação, já que dali pode surgir o sucesso individual, mas também alguns possuem conflitos resultantes da busca por maiores lucros dentro da cadeia do leite. Quando um elemento da cadeia sofre com alguma dificuldade, todos os outros elos vão sofrer alguma consequência, tanto pelo lado positivo ou não. Para tanto da importância de todos os elementos estarem intimamente ligados e trabalharem em prol de um objetivo, que é satisfazer o consumidor final.
Os fatores impulsionadores de competitividade estão intimamente ligados à melhorias e a adesão de novas tecnologias de gestão e processo produtivo aos quais os produtores tem a possibilidade de se adaptarem ou aderirem. Segundo Porter (1989), para se conseguir uma vantagem competitiva dentro do mercado globalizado, é necessário considerar as forças que determinam o grau de rentabilidade, uma vez que influenciam os preços, os custos e investimentos necessários para a continuidade de um projeto empreendedor. Para tanto, foi possível verificar que os fatores entendidos pelos produtores e autor como impulsionadores de competitividade são a redução custo de produção, melhoramento genético, qualidade do leite, tecnologias de sucesso produtivo, assistência técnica adequada, atividades consorciadas, um controle das finanças e não menos importante o planejamento estratégico da empresa rural.
Fatores inibidores de competitividade são observados pelos produtores como aqueles que acabam influenciando negativamente a permanência dos produtores na atividade leiteira, e ao mesmo tempo desmotivam os produtores a continuar na atividade. Para tanto, produtores entrevistados entendem como fatores inibidores de competitividade na atividade que exercem atualmente a escassez e custo de mão de obra, o reduzido tamanho das propriedades, o variável e inconstante preço do leite, alto preço dos insumos, interperes climáticas e problemas de sanidade dos animais. Os resultados demonstram tendência de prosperidade para a atividade leiteira do município, principalmente para os produtores que conseguirem traduzir em qualidade e sustentabilidade as melhorias que implantaram ou irão implantar na sua propriedade. Produtores que se habilitarem a trabalhar as inovações tecnológicas com maior respaldo e comprometimento, de forma gerencial e planejada são passiveis de desenvolver vantagens competitivas de alto potencial. Buscou-se identificar as características do perfil e da gestão das propriedades que realizam a atividade leiteira no município de Santo Cristo. Também as relações com os demais elementos da cadeia, bem como os fatores que explicam a competitividade dos produtores. Com os resultados identificou-se tendências futuras para os produtores, e algumas proposições estratégicas que podem servir de alavancagem para os mesmos.
Os produtores respondentes da pesquisa entendem da necessidade de estarem atentos às informações de mercado. De possuir um controle das atividades desempenhadas na propriedade para poder realizar uma gestão de qualidade. Havendo um potencial de tomada de decisão precisa estrategicamente para superar as constantes mutações e dificuldades do setor leiteiro brasileiro. Potencializando a parte de gestão estratégica da empresa rural, os produtores possuem um potencial de prosperidade muito bom dentro do município estudado.
A qualidade do produto sempre foi e vai continuar sendo uma tendência, e por isso deve ser muito valorizada na atividade leiteira pelo produtor. A sustentabilidade voltada a quesitos ambiental ganha destaque e deve ser compreendido pelos produtores como potencial competitivo futuro. Produtor com leite de qualidade, produzido sem degradar a natureza terá um valor agregado muito competitivo.
Descrição
137 f.
Palavras-chave
Ciências Sociais Aplicadas, Administração, Competitividade, Produção leiteira, Gestão estratégica, Qualidade