As atividades humanas e a educação no pensamento de Hannah Arendt
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Dalcin, Alcindo
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Resumo
Este texto trata da investigação sobre o pensamento de Hannah Arendt e alguns de seus
intérpretes examinando as questões suscitadas pela autora sobre as atividades humanas e a
educação. Os temas trabalho e educação são pensados a partir das categorias da vita activa.
Faz abordagens sobre a Condição Humana, os efeitos do totalitarismo e a gradativa
substituição da ação pela fabricação e o uso instrumental da educação. Considera a crise da
educação nos termos propostos por Hannah Arendt, apresentando os aspectos do mundo
moderno que a gerou, destacando os seguintes temas: os aspectos da crise do mundo
moderno que efetivamente se revelaram na crise educacional; a separação entre a educação e
a política; o papel da tradição e da autoridade em relação à educação; o mal da irreflexão
como fator de alienação e a responsabilidade dos adultos frente ao mundo e à criança; o que
podemos aprender a partir desta crise acerca da essência da educação; sobre a obrigação que
a existência de crianças impõe a toda sociedade humana. Faço considerações sobre a relação
educação, técnica e fabricação; educação, singularidade e performance técnica, tendo como
pano-de-fundo a indagação: podem as categorias da vita activa oferecer algum fundamento
para pensarmos a educação? Para respondê-la recorro a noções como: natalidade,
pluralidade, discurso, fragilidade, finitude, imprevisibilidade, hospitalidade, compromisso de
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abertura para o mundo comum, a conservação da tradição, milagre, esperança e promessa.
Enfatizo a concepção de que a missão da educação é conservar a natalidade e reforço o
argumento crítico daqueles que não aceitam que as instituições e atividades educacionais
sejam reduzidas à visão instrumental do preparo de adultos e das novas gerações para as
demandas do mercado de trabalho, ao desenvolvimento técnico e psicológico visando à
formação de homens hábeis e competentes fazedores de instrumentos e coisas. A educação é
um espaço privilegiado de ação, aparecimento e revelação de identidades - um quem, e não
formar um para que. A educação, por ter sua essência na natalidade, é essencialmente ação.
Considero a necessidade da redenção da ação ativando as potencialidades da própria ação, ou
seja, através das duas faculdades intimamente ligadas à condição humana da pluralidade: as
faculdades de perdoar, que é a potencialidade para desfazer o que foi feito e reconciliar-se
com o passado e a tradição; e de prometer e de cumprir promessas, faculdade que diz
respeito ao futuro, a potencialidade para criar segurança face ao caos da imprevisibilidade e
recompor a riqueza da experiência política e o sentido do “fazer artifícios” para compor um
mundo comum e não um cenário de exploração e desumanização.
Descrição
138 f.